Ilha da Madeira - Noronha Portuguesa

CACIMBA DO PORTUGA
 A Praia da Ponta da Calheta, com os precipícios e as pedras que marcam a Ilha da Madeira


Praias, calor, surfe, uma mata quase tropical,frutas estranhas, precipícios. A Ilha da Madeira é a Terrinha perdida no meio do Atlântico


De Lisboa é apenas uma hora e meia de voo. Quando surge um conjunto de montanhas negras com florestas verdejantes no meio do mar, imagem que mais parece uma miragem, é hora de apertar os cintos. Bem-vindo à Madeira, a principal ilha de um arquipélago que ainda tem a vizinha Porto Santo e as inabitadas Desertas e Selvagens. A Madeira está a mil quilômetros de distância de Lisboa, na mesma latitude do Marrocos. Por isso sua natureza de características subtropicais, com formas, cores, cheiros e sabores mais africanos - ou até brasileiros - que europeus. Os enormes rochedos, os vales, as reservas naturais e as praias entusiasmam ecoturistas e contemplativos, enquanto a capital, Funchal, dá um toque cosmopolita ao destino, com seus hotéis de luxo e campos de golfe para inglês (e americano) nenhum botar defeito. E, melhor, a deliciosa atmosfera portuguesa paira sempre no ar, principalmente nas pequenas vilas com casinhas de duas cores e varandas que procuram o mar. Vítima de uma enxurrada em fevereiro que deixou mais de 40 mortos e uma conta de recuperação de 1 bilhão de euros, essa Noronha com caldo verde e alheira já não exibe marcas da tragédia.
Eu desci do avião a crer que três dias seriam suficientes para desbravar a Madeira. Logo descobri que a Madeira não se "faz" em tão pouco tempo. Pense em cinco dias, uma semana. Como ouvi de uma madeirense no desembarque: "Há muita coisa bonita para ver". De fato. Do precipício do Cabo Girão, pertinho do Funchal, às praias boas para surfe de Jardim do Mar e de Paúl do Mar, o lugar é matador. Com 57 quilômetros no sentido leste-oeste por 22 no norte-sul, a melhor maneira de conhecer a ilha é com carro alugado - e sem economia de gasolina. A seguir, algumas das delícias que fazem da Madeira um tesouro perdido no Atlântico, tesouro que ainda por cima fala português - mas um português que, às vezes, nem mesmo os portugueses continentais entendem.
 


A temperatura

Quando deixei Lisboa, de manhãzinha, os termômetros marcavam 8 graus centígrados. Uma hora e pouco depois, o comandante anunciava: "Na Madeira, céu aberto e 17 graus". Num instante ultrapassamos os 20. Por causa do clima sempre ameno - durante o inverno a média é de 17 graus e, no verão, de 23 -, esse pedaço de terra de rochas negras vulcânicas surge como um paraíso para ingleses, alemães, suecos, suíços... Gente que acaba desfrutando a gorda aposentadoria nesse território quase africano.

O sotaque

Mesmo para quem, como eu, está acostumado ao português de Portugal, ouvir a frase "mais para cima" pronunciada como "maix para saima" é um choque. Eu havia perguntado a um senhor onde ficava o Mercado dos Lavradores, um lugar delicioso no Funchal. Os madeirenses são imbatíveis no S com som de X. Ganham dos portugueses continentais e até dos cariocas da gema (eles só não dizem "féixta"). Aliás, o Funchal lembra vagamente a Cidade Maravilhosa em razão das montanhas na costa e do casario branco que escorrega, aqui poeticamente falando, dos morros.

As frutas exóticas

Há a pera-abacate, o maracujá- banana e também uma espécie de maçã verdeescuro chamada anona, que derrete na boca. E também banana, tangerina, laranja... O melhor endereço para experimentar esse festival de delícias inusitadas ou nem tanto é o tal Mercado dos Lavradores (Largo dos Lavradores, Funchal, 121-4080). E, se couber mais uma gulodice, não perca o sanduíche de bife de atum vendido no boteco do mercado. Além de frutas, verduras e peixe fresco, você esbarra em floristas em trajes locais exibindo orquídeas e outras flores lindas cultivadas largamente na Madeira, como estrelícias e proteias. Para completar o shopping list, há barraquinhas de artesãos que vendem artigos de vime.


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